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sexta-feira, 31 de julho de 2020

JÓ 33



Eliú acusa Jó de se opor a Deus e de entender mal os seus caminhos 

1 Ouve, pois, as minhas palavras, ó Jó, e dá ouvidos a todas as minhas declarações.

2 Eis que já abri a minha boca; já falou a minha língua debaixo do meu paladar.

3 As minhas palavras declaram a integridade do meu coração, e os meus lábios falam com sinceridade o que sabem.

4 O Espírito de Deus me fez, e o sopro do Todo-Poderoso me dá vida.

5 Se podes, responde-me; põe as tuas palavras em ordem diante de mim; apresenta-te.

6 Eis que diante de Deus sou o que tu és; eu também fui formado do barro.

7 Eis que não te perturbará nenhum medo de mim, nem será pesada sobre ti a minha mão.

8 Na verdade tu falaste aos meus ouvidos, e eu ouvi a voz das tuas palavras. Dizias:

9 Limpo estou, sem transgressão; puro sou, e não há em mim iniqüidade.

10 Eis que Deus procura motivos de inimizade contra mim, e me considera como o seu inimigo.

11 Põe no tronco os meus pés, e observa todas as minhas veredas.

12 Eis que nisso não tens razão; eu te responderei; porque Deus e maior do que o homem.

13 Por que razão contendes com ele por não dar conta dos seus atos?

14 Pois Deus fala de um modo, e ainda de outro se o homem não lhe atende.

15 Em sonho ou em visão de noite, quando cai sono profundo sobre os homens, quando adormecem na cama;

16 então abre os ouvidos dos homens, e os atemoriza com avisos,

17 para apartar o homem do seu desígnio, e esconder do homem a soberba;

18 para reter a sua alma da cova, e a sua vida de passar pela espada.

19 Também é castigado na sua cama com dores, e com incessante contenda nos seus ossos;

20 de modo que a sua vida abomina o pão, e a sua alma a comida apetecível.

21 Consome-se a sua carne, de maneira que desaparece, e os seus ossos, que não se viam, agora aparecem.

22 A sua alma se vai chegando à cova, e a sua vida aos que trazem a morte.

23 Se com ele, pois, houver um anjo, um intérprete, um entre mil, para declarar ao homem o que lhe é justo,

24 então terá compaixão dele, e lhe dirá: Livra-o, para que não desça à cova; já achei resgate.

25 Sua carne se reverdecerá mais do que na sua infância; e ele tornará aos dias da sua juventude.

26 Deveras orará a Deus, que lhe será propício, e o fará ver a sua face com júbilo, e restituirá ao homem a sua justiça.

27 Cantará diante dos homens, e dirá: Pequei, e perverti o direito, o que de nada me aproveitou.

28 Mas Deus livrou a minha alma de ir para a cova, e a minha vida verá a luz.

29 Eis que tudo isto Deus faz duas e três vezes para com o homem,

30 para reconduzir a sua alma da cova, a fim de que seja iluminado com a luz dos viventes.

31 Escuta, pois, ó Jó, ouve-me; cala-te, e eu falarei.

32 Se tens alguma coisa que dizer, responde-me; fala, porque desejo justificar-te.

33 Se não, escuta-me tu; cala-te, e ensinar-te-ei a sabedoria.


JÓ 34



Eliú acusa Jó de falar injustamente de Deus 

1 Prosseguiu Eliú, dizendo:

2 Ouvi, vós, sábios, as minhas palavras; e vós, entendidos, inclinai os ouvidos para mim.

3 Pois o ouvido prova as palavras, como o paladar experimenta a comida.

4 O que é direito escolhamos para nós; e conheçamos entre nós o que é bom.

5 Pois Jó disse: Sou justo, e Deus tirou-me o direito.

6 Apesar do meu direito, sou considerado mentiroso; a minha ferida é incurável, embora eu esteja sem transgressão.

7 Que homem há como Jó, que bebe o escárnio como água,

8 que anda na companhia dos malfeitores, e caminha com homens ímpios?

9 Porque disse: De nada aproveita ao homem o comprazer-se em Deus.

10 Pelo que ouvi-me, vós homens de entendimento: longe de Deus o praticar a maldade, e do Todo-Poderoso o cometer a iniqüidade!

11 Pois, segundo a obra do homem, ele lhe retribui, e faz a cada um segundo o seu caminho.

12 Na verdade, Deus não procederá impiamente, nem o Todo-Poderoso perverterá o juízo.

13 Quem lhe entregou o governo da terra? E quem lhe deu autoridade sobre o mundo todo?

14 Se ele retirasse para si o seu espírito, e recolhesse para si o seu fôlego,

15 toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria para o pó.

16 Se, pois, há em ti entendimento, ouve isto, inclina os ouvidos às palavras que profiro.

17 Acaso quem odeia o direito governará? Quererás tu condenar aquele que é justo e poderoso?

18 aquele que diz a um rei: ó vil? e aos príncipes: ó ímpios?

19 que não faz acepção das pessoas de príncipes, nem estima o rico mais do que o pobre; porque todos são obra de suas mãos?

20 Eles num momento morrem; e à meia-noite os povos são perturbados, e passam, e os poderosos são levados não por mão humana.

21 Porque os seus olhos estão sobre os caminhos de cada um, e ele vê todos os seus passos.

22 Não há escuridão nem densas trevas, onde se escondam os obradores da iniqüidade.

23 Porque Deus não precisa observar por muito tempo o homem para que este compareça perante ele em juízo.

24 Ele quebranta os fortes, sem inquirição, e põe outros em lugar deles.

25 Pois conhecendo ele as suas obras, de noite os transtorna, e ficam esmagados.

26 Ele os fere como ímpios, à vista dos circunstantes;

27 porquanto se desviaram dele, e não quiseram compreender nenhum de seus caminhos,

28 de sorte que o clamor do pobre subisse até ele, e que ouvisse o clamor dos aflitos.

29 Se ele dá tranqüilidade, quem então o condenará? Se ele encobrir o rosto, quem então o poderá contemplar, quer seja uma nação, quer seja um homem só?

30 para que o ímpio não reine, e não haja quem iluda o povo.

31 Pois, quem jamais disse a Deus: Sofri, ainda que não pequei;

32 o que não vejo, ensina-me tu; se fiz alguma maldade, nunca mais a hei de fazer?

33 Será a sua recompensa como queres, para que a recuses? Pois tu tens que fazer a escolha, e não eu; portanto fala o que sabes.

34 Os homens de entendimento dir-me-ão, e o varão sábio, que me ouvir:

35 Jó fala sem conhecimento, e às suas palavras falta sabedoria.

36 Oxalá que Jó fosse provado até o fim; porque responde como os iníquos.

37 Porque ao seu pecado acrescenta a rebelião; entre nós bate as palmas, e multiplica contra Deus as suas palavras.


JÓ 33



Eliú acusa Jó de se opor a Deus e de entender mal os seus caminhos 

1 Ouve, pois, as minhas palavras, ó Jó, e dá ouvidos a todas as minhas declarações.

2 Eis que já abri a minha boca; já falou a minha língua debaixo do meu paladar.

3 As minhas palavras declaram a integridade do meu coração, e os meus lábios falam com sinceridade o que sabem.

4 O Espírito de Deus me fez, e o sopro do Todo-Poderoso me dá vida.

5 Se podes, responde-me; põe as tuas palavras em ordem diante de mim; apresenta-te.

6 Eis que diante de Deus sou o que tu és; eu também fui formado do barro.

7 Eis que não te perturbará nenhum medo de mim, nem será pesada sobre ti a minha mão.

8 Na verdade tu falaste aos meus ouvidos, e eu ouvi a voz das tuas palavras. Dizias:

9 Limpo estou, sem transgressão; puro sou, e não há em mim iniqüidade.

10 Eis que Deus procura motivos de inimizade contra mim, e me considera como o seu inimigo.

11 Põe no tronco os meus pés, e observa todas as minhas veredas.

12 Eis que nisso não tens razão; eu te responderei; porque Deus e maior do que o homem.

13 Por que razão contendes com ele por não dar conta dos seus atos?

14 Pois Deus fala de um modo, e ainda de outro se o homem não lhe atende.

15 Em sonho ou em visão de noite, quando cai sono profundo sobre os homens, quando adormecem na cama;

16 então abre os ouvidos dos homens, e os atemoriza com avisos,

17 para apartar o homem do seu desígnio, e esconder do homem a soberba;

18 para reter a sua alma da cova, e a sua vida de passar pela espada.

19 Também é castigado na sua cama com dores, e com incessante contenda nos seus ossos;

20 de modo que a sua vida abomina o pão, e a sua alma a comida apetecível.

21 Consome-se a sua carne, de maneira que desaparece, e os seus ossos, que não se viam, agora aparecem.

22 A sua alma se vai chegando à cova, e a sua vida aos que trazem a morte.

23 Se com ele, pois, houver um anjo, um intérprete, um entre mil, para declarar ao homem o que lhe é justo,

24 então terá compaixão dele, e lhe dirá: Livra-o, para que não desça à cova; já achei resgate.

25 Sua carne se reverdecerá mais do que na sua infância; e ele tornará aos dias da sua juventude.

26 Deveras orará a Deus, que lhe será propício, e o fará ver a sua face com júbilo, e restituirá ao homem a sua justiça.

27 Cantará diante dos homens, e dirá: Pequei, e perverti o direito, o que de nada me aproveitou.

28 Mas Deus livrou a minha alma de ir para a cova, e a minha vida verá a luz.

29 Eis que tudo isto Deus faz duas e três vezes para com o homem,

30 para reconduzir a sua alma da cova, a fim de que seja iluminado com a luz dos viventes.

31 Escuta, pois, ó Jó, ouve-me; cala-te, e eu falarei.

32 Se tens alguma coisa que dizer, responde-me; fala, porque desejo justificar-te.

33 Se não, escuta-me tu; cala-te, e ensinar-te-ei a sabedoria.


JÓ 34


Eliú acusa Jó de falar injustamente de Deus 

1 Prosseguiu Eliú, dizendo:

2 Ouvi, vós, sábios, as minhas palavras; e vós, entendidos, inclinai os ouvidos para mim.

3 Pois o ouvido prova as palavras, como o paladar experimenta a comida.

4 O que é direito escolhamos para nós; e conheçamos entre nós o que é bom.

5 Pois Jó disse: Sou justo, e Deus tirou-me o direito.

6 Apesar do meu direito, sou considerado mentiroso; a minha ferida é incurável, embora eu esteja sem transgressão.

7 Que homem há como Jó, que bebe o escárnio como água,

8 que anda na companhia dos malfeitores, e caminha com homens ímpios?

9 Porque disse: De nada aproveita ao homem o comprazer-se em Deus.

10 Pelo que ouvi-me, vós homens de entendimento: longe de Deus o praticar a maldade, e do Todo-Poderoso o cometer a iniqüidade!

11 Pois, segundo a obra do homem, ele lhe retribui, e faz a cada um segundo o seu caminho.

12 Na verdade, Deus não procederá impiamente, nem o Todo-Poderoso perverterá o juízo.

13 Quem lhe entregou o governo da terra? E quem lhe deu autoridade sobre o mundo todo?

14 Se ele retirasse para si o seu espírito, e recolhesse para si o seu fôlego,

15 toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria para o pó.

16 Se, pois, há em ti entendimento, ouve isto, inclina os ouvidos às palavras que profiro.

17 Acaso quem odeia o direito governará? Quererás tu condenar aquele que é justo e poderoso?

18 aquele que diz a um rei: ó vil? e aos príncipes: ó ímpios?

19 que não faz acepção das pessoas de príncipes, nem estima o rico mais do que o pobre; porque todos são obra de suas mãos?

20 Eles num momento morrem; e à meia-noite os povos são perturbados, e passam, e os poderosos são levados não por mão humana.

21 Porque os seus olhos estão sobre os caminhos de cada um, e ele vê todos os seus passos.

22 Não há escuridão nem densas trevas, onde se escondam os obradores da iniqüidade.

23 Porque Deus não precisa observar por muito tempo o homem para que este compareça perante ele em juízo.

24 Ele quebranta os fortes, sem inquirição, e põe outros em lugar deles.

25 Pois conhecendo ele as suas obras, de noite os transtorna, e ficam esmagados.

26 Ele os fere como ímpios, à vista dos circunstantes;

27 porquanto se desviaram dele, e não quiseram compreender nenhum de seus caminhos,

28 de sorte que o clamor do pobre subisse até ele, e que ouvisse o clamor dos aflitos.

29 Se ele dá tranqüilidade, quem então o condenará? Se ele encobrir o rosto, quem então o poderá contemplar, quer seja uma nação, quer seja um homem só?

30 para que o ímpio não reine, e não haja quem iluda o povo.

31 Pois, quem jamais disse a Deus: Sofri, ainda que não pequei;

32 o que não vejo, ensina-me tu; se fiz alguma maldade, nunca mais a hei de fazer?

33 Será a sua recompensa como queres, para que a recuses? Pois tu tens que fazer a escolha, e não eu; portanto fala o que sabes.

34 Os homens de entendimento dir-me-ão, e o varão sábio, que me ouvir:

35 Jó fala sem conhecimento, e às suas palavras falta sabedoria.

36 Oxalá que Jó fosse provado até o fim; porque responde como os iníquos.

37 Porque ao seu pecado acrescenta a rebelião; entre nós bate as palmas, e multiplica contra Deus as suas palavras.


JÓ 35



O bem e o mal nao podem afetar a Deus, mas algumas vezes, por falta de fé dos aflitos, não os ouve  

1 Disse mais Eliú:

2 Tens por direito dizeres: Maior é a minha justiça do que a de Deus?

3 Porque dizes: Que me aproveita? Que proveito tenho mais do que se eu tivera pecado?

4 Eu te darei respostas, a ti e aos teus amigos contigo.

5 Atenta para os céus, e vê; e contempla o firmamento que é mais alto do que tu.

6 Se pecares, que efetuarás contra ele? Se as tuas transgressões se multiplicarem, que lhe farás com isso?

7 Se fores justo, que lhe darás, ou que receberá ele da tua mão?

8 A tua impiedade poderia fazer mal a outro tal como tu; e a tua justiça poderia aproveitar a um filho do homem.

9 Por causa da multidão das opressões os homens clamam; clamam por socorro por causa do braço dos poderosos.

10 Mas ninguém diz: Onde está Deus meu Criador, que inspira canções durante a noite;

11 que nos ensina mais do que aos animais da terra, e nos faz mais sábios do que as aves do céu?

12 Ali clamam, porém ele não responde, por causa da arrogância os maus.

13 Certo é que Deus não ouve o grito da vaidade, nem para ela atentará o Todo-Poderoso.

14 Quanto menos quando tu dizes que não o vês. A causa está perante ele; por isso espera nele.

15 Mas agora, porque a sua ira ainda não se exerce, nem grandemente considera ele a arrogância,

16 por isso abre Jó em vão a sua boca, e sem conhecimento multiplica palavras.


JÓ 36



Eliú justifica a Deus e diz a Jó que o seu pecado estorva a sua bênção  

1 Prosseguiu ainda Eliú e disse:

2 Espera-me um pouco, e mostrar-te-ei que ainda há razões a favor de Deus.

3 De longe trarei o meu conhecimento, e ao meu criador atribuirei a justiça.

4 Pois, na verdade, as minhas palavras não serão falsas; contigo está um que tem perfeito conhecimento.

5 Eis que Deus é mui poderoso, contudo a ninguém despreza; grande é no poder de entendimento.

6 Ele não preserva a vida do ímpio, mas faz justiça aos aflitos.

7 Do justo não aparta os seus olhos; antes com os reis no trono os faz sentar para sempre, e assim são exaltados.

8 E se estão presos em grilhões, e amarrados com cordas de aflição,

9 então lhes faz saber a obra deles, e as suas transgressões, porquanto se têm portado com soberba.

10 E abre-lhes o ouvido para a instrução, e ordena que se convertam da iniqüidade.

11 Se o ouvirem, e o servirem, acabarão seus dias em prosperidade, e os seus anos em delícias.

12 Mas se não o ouvirem, à espada serão passados, e expirarão sem conhecimento.

13 Assim os ímpios de coração amontoam, a sua ira; e quando Deus os põe em grilhões, não clamam por socorro.

14 Eles morrem na mocidade, e a sua vida perece entre as prostitutas.

15 Ao aflito livra por meio da sua aflição, e por meio da opressão lhe abre os ouvidos.

16 Assim também quer induzir-te da angústia para um lugar espaçoso, em que não há aperto; e as iguarias da tua mesa serão cheias de gordura.

17 Mas tu estás cheio do juízo do ímpio; o juízo e a justiça tomam conta de ti.

18 Cuida, pois, para que a ira não te induza a escarnecer, nem te desvie a grandeza do resgate.

19 Prevalecerá o teu clamor, ou todas as forças da tua fortaleza, para que não estejas em aperto?

20 Não suspires pela noite, em que os povos sejam tomados do seu lugar.

21 Guarda-te, e não declines para a iniqüidade; porquanto isso escolheste antes que a aflição.

22 Eis que Deus é excelso em seu poder; quem é ensinador como ele?

23 Quem lhe prescreveu o seu caminho? Ou quem poderá dizer: Tu praticaste a injustiça?

24 Lembra-te de engrandecer a sua obra, de que têm cantado os homens.

25 Todos os homens a vêem; de longe a contempla o homem.

26 Eis que Deus é grande, e nós não o conhecemos, e o número dos seus anos não se pode esquadrinhar.

27 Pois atrai a si as gotas de água, e do seu vapor as destila em chuva,

28 que as nuvens derramam e gotejam abundantemente sobre o homem.

29 Poderá alguém entender as dilatações das nuvens, e os trovões do seu pavilhão?

30 Eis que ao redor de si estende a sua luz, e cobre o fundo do mar.

31 Pois por estas coisas julga os povos e lhes dá mantimento em abundância.

32 Cobre as mãos com o relâmpago, e dá-lhe ordem para que fira o alvo.

33 O fragor da tempestade dá notícia dele; até o gado pressente a sua aproximação.


JÓ 37


O homem, por conhecer as obras de Deus e a sua sabedoria, deve temê-lo  

1 Sobre isso também treme o meu coração, e salta do seu lugar.

2 Dai atentamente ouvidos ao estrondo da voz de Deus e ao sonido que sai da sua boca.

3 Ele o envia por debaixo de todo o céu, e o seu relâmpago até os confins da terra.

4 Depois do relâmpago ruge uma grande voz; ele troveja com a sua voz majestosa; e não retarda os raios, quando é ouvida a sua voz.

5 Com a sua voz troveja Deus maravilhosamente; faz grandes coisas, que nós não compreendemos.

6 Pois à neve diz: Cai sobre a terra; como também às chuvas e aos aguaceiros: Sede copiosos.

7 Ele sela as mãos de todo homem, para que todos saibam que ele os fez.

8 E as feras entram nos esconderijos e ficam nos seus covis.

9 Da recâmara do sul sai o tufão, e do norte o frio.

10 Ao sopro de Deus forma-se o gelo, e as largas águas são congeladas.

11 Também de umidade carrega as grossas nuvens; as nuvens espalham relâmpagos.

12 Fazem evoluções sob a sua direção, para efetuar tudo quanto lhes ordena sobre a superfície do mundo habitável:

13 seja para disciplina, ou para a sua terra, ou para beneficência, que as faça vir.

14 A isto, Jó, inclina os teus ouvidos; pára e considera as obras maravilhosas de Deus.

15 Sabes tu como Deus lhes dá as suas ordens, e faz resplandecer o relâmpago da sua nuvem?

16 Compreendes o equilíbrio das nuvens, e as maravilhas daquele que é perfeito nos conhecimentos;

17 tu cujas vestes são quentes, quando há calma sobre a terra por causa do vento sul?

18 Acaso podes, como ele, estender o firmamento, que é sólido como um espelho fundido?

19 Ensina-nos o que lhe diremos; pois nós nada poderemos pôr em boa ordem, por causa das trevas.

20 Contar-lhe-ia alguém que eu quero falar. Ou desejaria um homem ser devorado?

21 E agora o homem não pode olhar para o sol, que resplandece no céu quando o vento, tendo passado, o deixa limpo.

22 Do norte vem o áureo esplendor; em Deus há tremenda majestade.

23 Quanto ao Todo-Poderoso, não o podemos compreender; grande é em poder e justiça e pleno de retidão; a ninguém, pois, oprimirá.

24 Por isso o temem os homens; ele não respeita os que se julgam sábios.



O homem, por conhecer as obras de Deus e a sua sabedoria, deve temê-lo  

1 Sobre isso também treme o meu coração, e salta do seu lugar.

2 Dai atentamente ouvidos ao estrondo da voz de Deus e ao sonido que sai da sua boca.

3 Ele o envia por debaixo de todo o céu, e o seu relâmpago até os confins da terra.

4 Depois do relâmpago ruge uma grande voz; ele troveja com a sua voz majestosa; e não retarda os raios, quando é ouvida a sua voz.

5 Com a sua voz troveja Deus maravilhosamente; faz grandes coisas, que nós não compreendemos.

6 Pois à neve diz: Cai sobre a terra; como também às chuvas e aos aguaceiros: Sede copiosos.

7 Ele sela as mãos de todo homem, para que todos saibam que ele os fez.

8 E as feras entram nos esconderijos e ficam nos seus covis.

9 Da recâmara do sul sai o tufão, e do norte o frio.

10 Ao sopro de Deus forma-se o gelo, e as largas águas são congeladas.

11 Também de umidade carrega as grossas nuvens; as nuvens espalham relâmpagos.

12 Fazem evoluções sob a sua direção, para efetuar tudo quanto lhes ordena sobre a superfície do mundo habitável:

13 seja para disciplina, ou para a sua terra, ou para beneficência, que as faça vir.

14 A isto, Jó, inclina os teus ouvidos; pára e considera as obras maravilhosas de Deus.

15 Sabes tu como Deus lhes dá as suas ordens, e faz resplandecer o relâmpago da sua nuvem?

16 Compreendes o equilíbrio das nuvens, e as maravilhas daquele que é perfeito nos conhecimentos;

17 tu cujas vestes são quentes, quando há calma sobre a terra por causa do vento sul?

18 Acaso podes, como ele, estender o firmamento, que é sólido como um espelho fundido?

19 Ensina-nos o que lhe diremos; pois nós nada poderemos pôr em boa ordem, por causa das trevas.

20 Contar-lhe-ia alguém que eu quero falar. Ou desejaria um homem ser devorado?

21 E agora o homem não pode olhar para o sol, que resplandece no céu quando o vento, tendo passado, o deixa limpo.

22 Do norte vem o áureo esplendor; em Deus há tremenda majestade.

23 Quanto ao Todo-Poderoso, não o podemos compreender; grande é em poder e justiça e pleno de retidão; a ninguém, pois, oprimirá.

24 Por isso o temem os homens; ele não respeita os que se julgam sábios.


JÓ 38


Deus responde a Jó e mostra-lhe sua grandeza e sabedoria (até 41:34)  

1 Depois disso o Senhor respondeu a Jó dum redemoinho, dizendo:

2 Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento?

3 Agora cinge os teus lombos, como homem; porque te perguntarei, e tu me responderás.

4 Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra? Faze-mo saber, se tens entendimento.

5 Quem lhe fixou as medidas, se é que o sabes? ou quem a mediu com o cordel?

6 Sobre que foram firmadas as suas bases, ou quem lhe assentou a pedra de esquina,

7 quando juntas cantavam as estrelas da manhã, e todos os filhos de Deus bradavam de júbilo?

8 Ou quem encerrou com portas o mar, quando este rompeu e saiu da madre;

9 quando eu lhe pus nuvens por vestidura, e escuridão por faixas,

10 e lhe tracei limites, pondo-lhe portas e ferrolhos,

11 e lhe disse: Até aqui virás, porém não mais adiante; e aqui se quebrarão as tuas ondas orgulhosas?

12 Desde que começaram os teus dias, deste tu ordem à madrugada, ou mostraste à alva o seu lugar,

13 para que agarrasse nas extremidades da terra, e os ímpios fossem sacudidos dela?

14 A terra se transforma como o barro sob o selo; e todas as coisas se assinalam como as cores dum vestido.

15 E dos ímpios é retirada a sua luz, e o braço altivo se quebranta.

16 Acaso tu entraste até os mananciais do mar, ou passeaste pelos recessos do abismo?

17 Ou foram-te descobertas as portas da morte, ou viste as portas da sombra da morte?

18 Compreendeste a largura da terra? Faze-mo saber, se sabes tudo isso.

19 Onde está o caminho para a morada da luz? E, quanto às trevas, onde está o seu lugar,

20 para que às tragas aos seus limites, e para que saibas as veredas para a sua casa?

21 De certo tu o sabes, porque já então eras nascido, e porque é grande o número dos teus dias!

22 Acaso entraste nos tesouros da neve, e viste os tesouros da saraiva,

23 que eu tenho reservado para o tempo da angústia, para o dia da peleja e da guerra?

24 Onde está o caminho para o lugar em que se reparte a luz, e se espalha o vento oriental sobre a terra?

25 Quem abriu canais para o aguaceiro, e um caminho para o relâmpago do trovão;

26 para fazer cair chuva numa terra, onde não há ninguém, e no deserto, em que não há gente;

27 para fartar a terra deserta e assolada, e para fazer crescer a tenra relva?

28 A chuva porventura tem pai? Ou quem gerou as gotas do orvalho?

29 Do ventre de quem saiu o gelo? E quem gerou a geada do céu?

30 Como pedra as águas se endurecem, e a superfície do abismo se congela.

31 Podes atar as cadeias das Plêiades, ou soltar os atilhos do Oriom?

32 Ou fazer sair as constelações a seu tempo, e guiar a ursa com seus filhos?

33 Sabes tu as ordenanças dos céus, ou podes estabelecer o seu domínio sobre a terra?

34 Ou podes levantar a tua voz até as nuvens, para que a abundância das águas te cubra?

35 Ou ordenarás aos raios de modo que saiam? Eles te dirão: Eis-nos aqui?

36 Quem pôs sabedoria nas densas nuvens, ou quem deu entendimento ao meteoro?

37 Quem numerará as nuvens pela sabedoria? Ou os odres do céu, quem os esvaziará,

38 quando se funde o pó em massa, e se pegam os torrões uns aos outros?

39 Podes caçar presa para a leoa, ou satisfazer a fome dos filhos dos leões,

40 quando se agacham nos covis, e estão à espreita nas covas?

41 Quem prepara ao corvo o seu alimento, quando os seus pintainhos clamam a Deus e andam vagueando, por não terem o que comer?

JÓ 39



1 Sabes tu o tempo do parto das cabras montesas, ou podes observar quando é que parem as corças?

2 Podes contar os meses que cumprem, ou sabes o tempo do seu parto?

3 Encurvam-se, dão à luz as suas crias, lançam de si a sua prole.

4 Seus filhos enrijam, crescem no campo livre; saem, e não tornam para elas:

5 Quem despediu livre o jumento montês, e quem soltou as prisões ao asno veloz,

6 ao qual dei o ermo por casa, e a terra salgada por morada?

7 Ele despreza o tumulto da cidade; não obedece os gritos do condutor.

8 O circuito das montanhas é o seu pasto, e anda buscando tudo o que está verde.

9 Quererá o boi selvagem servir-te? ou ficará junto à tua manjedoura?

10 Podes amarrar o boi selvagem ao arado com uma corda, ou esterroará ele após ti os vales?

11 Ou confiarás nele, por ser grande a sua força, ou deixarás a seu cargo o teu trabalho?

12 Fiarás dele que te torne o que semeaste e o recolha à tua eira?

13 Movem-se alegremente as asas da avestruz; mas é benigno o adorno da sua plumagem?

14 Pois ela deixa os seus ovos na terra, e os aquenta no pó,

15 e se esquece de que algum pé os pode pisar, ou de que a fera os pode calcar.

16 Endurece-se para com seus filhos, como se não fossem seus; embora se perca o seu trabalho, ela está sem temor;

17 porque Deus a privou de sabedoria, e não lhe repartiu entendimento.

18 Quando ela se levanta para correr, zomba do cavalo, e do cavaleiro.

19 Acaso deste força ao cavalo, ou revestiste de força o seu pescoço?

20 Fizeste-o pular como o gafanhoto? Terrível é o fogoso respirar das suas ventas.

21 Escarva no vale, e folga na sua força, e sai ao encontro dos armados.

22 Ri-se do temor, e não se espanta; e não torna atrás por causa da espada.

23 Sobre ele rangem a aljava, a lança cintilante e o dardo.

24 Tremendo e enfurecido devora a terra, e não se contém ao som da trombeta.

25 Toda vez que soa a trombeta, diz: Eia! E de longe cheira a guerra, e o trovão dos capitães e os gritos.

26 É pelo teu entendimento que se eleva o gavião, e estende as suas asas para o sul?

27 Ou se remonta a águia ao teu mandado, e põe no alto o seu ninho?

28 Mora nas penhas e ali tem a sua pousada, no cume das penhas, no lugar seguro.

29 Dali descobre a presa; seus olhos a avistam de longe.

30 Seus filhos chupam o sangue; e onde há mortos, ela aí está.


JÓ 40



1 Disse mais o Senhor a Jó:

2 Contenderá contra o Todo-Poderoso o censurador? Quem assim argüi a Deus, responda a estas coisas.

3 Então Jó respondeu ao Senhor, e disse:

4 Eis que sou vil; que te responderia eu? Antes ponho a minha mão sobre a boca.

5 Uma vez tenho falado, e não replicarei; ou ainda duas vezes, porém não prosseguirei.

6 Então, do meio do redemoinho, o Senhor respondeu a Jó:

7 Cinge agora os teus lombos como homem; eu te perguntarei a ti, e tu me responderás.

8 Farás tu vão também o meu juízo, ou me condenarás para te justificares a ti?

9 Ou tens braço como Deus; ou podes trovejar com uma voz como a dele?

10 Orna-te, pois, de excelência e dignidade, e veste-te de glória e de esplendor.

11 Derrama as inundações da tua ira, e atenta para todo soberbo, e abate-o.

12 Olha para todo soberbo, e humilha-o, e calca aos pés os ímpios onde estão.

13 Esconde-os juntamente no pó; ata-lhes os rostos no lugar escondido.

14 Então também eu de ti confessarei que a tua mão direita te poderá salvar.

15 Contempla agora o hipopótamo, que eu criei como a ti, que come a erva como o boi.

16 Eis que a sua força está nos seus lombos, e o seu poder nos músculos do seu ventre.

17 Ele enrija a sua cauda como o cedro; os nervos das suas coxas são entretecidos.

18 Os seus ossos são como tubos de bronze, as suas costelas como barras de ferro.

19 Ele é obra prima dos caminhos de Deus; aquele que o fez o proveu da sua espada.

20 Em verdade os montes lhe produzem pasto, onde todos os animais do campo folgam.

21 Deita-se debaixo dos lotos, no esconderijo dos canaviais e no pântano.

22 Os lotos cobrem-no com sua sombra; os salgueiros do ribeiro o cercam.

23 Eis que se um rio trasborda, ele não treme; sente-se seguro ainda que o Jordão se levante até a sua boca.

24 Poderá alguém apanhá-lo quando ele estiver de vigia, ou com laços lhe furar o nariz?


quinta-feira, 30 de julho de 2020

JÓ 41



1 Poderás tirar com anzol o leviatã, ou apertar-lhe a língua com uma corda?

2 Poderás meter-lhe uma corda de junco no nariz, ou com um gancho furar a sua queixada?

3 Porventura te fará muitas súplicas, ou brandamente te falará?

4 Fará ele aliança contigo, ou o tomarás tu por servo para sempre?

5 Brincarás com ele, como se fora um pássaro, ou o prenderás para tuas meninas?

6 Farão os sócios de pesca tráfico dele, ou o dividirão entre os negociantes?

7 Poderás encher-lhe a pele de arpões, ou a cabeça de fisgas?

8 Põe a tua mão sobre ele; lembra-te da peleja; nunca mais o farás!

9 Eis que é vã a esperança de apanhá-lo; pois não será um homem derrubado só ao vê-lo?

10 Ninguém há tão ousado, que se atreva a despertá-lo; quem, pois, é aquele que pode erguer-se diante de mim?

11 Quem primeiro me deu a mim, para que eu haja de retribuir-lhe? Pois tudo quanto existe debaixo de todo céu é meu.

12 Não me calarei a respeito dos seus membros, nem da sua grande força, nem da graça da sua estrutura.

13 Quem lhe pode tirar o vestido exterior? Quem lhe penetrará a couraça dupla?

14 Quem jamais abriu as portas do seu rosto? Pois em roda dos seus dentes está o terror.

15 As suas fortes escamas são o seu orgulho, cada uma fechada como por um selo apertado.

16 Uma à outra se chega tão perto, que nem o ar passa por entre elas.

17 Umas às outras se ligam; tanto aderem entre si, que não se podem separar.

18 Os seus espirros fazem resplandecer a luz, e os seus olhos são como as pestanas da alva.

19 Da sua boca saem tochas; faíscas de fogo saltam dela.

20 Dos seus narizes procede fumaça, como de uma panela que ferve, e de juncos que ardem.

21 O seu hálito faz incender os carvões, e da sua boca sai uma chama.

22 No seu pescoço reside a força; e diante dele anda saltando o terror.

23 Os tecidos da sua carne estão pegados entre si; ela é firme sobre ele, não se pode mover.

24 O seu coração é firme como uma pedra; sim, firme como a pedra inferior duma mó.

25 Quando ele se levanta, os valentes são atemorizados, e por causa da consternação ficam fora de si.

26 Se alguém o atacar com a espada, essa não poderá penetrar; nem tampouco a lança, nem o dardo, nem o arpão.

27 Ele considera o ferro como palha, e o bronze como pau podre.

28 A seta não o poderá fazer fugir; para ele as pedras das fundas se tornam em restolho.

29 Os bastões são reputados como juncos, e ele se ri do brandir da lança.

30 Debaixo do seu ventre há pontas agudas; ele se estende como um trilho sobre o lodo.

31 As profundezas faz ferver, como uma panela; torna o mar como uma vasilha de ungüento.

32 Após si deixa uma vereda luminosa; parece o abismo tornado em brancura de cãs.

33 Na terra não há coisa que se lhe possa comparar; pois foi feito para estar sem pavor.

34 Ele vê tudo o que é alto; é rei sobre todos os filhos da soberba.


JÓ 42



Jó humilha-se perante Deus e dá-lhe glória  

1 Então respondeu Jó ao Senhor:

2 Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido.

3 Quem é este que sem conhecimento obscurece o conselho? por isso falei do que não entendia; coisas que para mim eram demasiado maravilhosas, e que eu não conhecia.

4 Ouve, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me responderas.

5 Com os ouvidos eu ouvira falar de ti; mas agora te vêem os meus olhos.

6 Pelo que me abomino, e me arrependo no pó e na cinza.

7 Sucedeu pois que, acabando o Senhor de dizer a Jó aquelas palavras, o Senhor disse a Elifaz, o temanita: A minha ira se acendeu contra ti e contra os teus dois amigos, porque não tendes falado de mim o que era reto, como o meu servo Jó.

8 Tomai, pois, sete novilhos e sete carneiros, e ide ao meu servo Jó, e oferecei um holocausto por vós; e o meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei, para que eu não vos trate conforme a vossa estultícia; porque vós não tendes falado de mim o que era reto, como o meu servo Jó.

9 Então foram Elifaz o temanita, e Bildade o suíta, e Zofar o naamatita, e fizeram como o Senhor lhes ordenara; e o Senhor aceitou a Jó.


Deus confere a Jó o dobro da prosperidade que antes tinha  

10 O Senhor, pois, virou o cativeiro de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e o Senhor deu a Jó o dobro do que antes possuía.

11 Então vieram ter com ele todos os seus irmãos, e todas as suas irmãs, e todos quantos dantes o conheceram, e comeram com ele pão em sua casa; condoeram-se dele, e o consolaram de todo o mal que o Senhor lhe havia enviado; e cada um deles lhe deu uma peça de dinheiro e um pendente de ouro.

12 E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó, mais do que o primeiro; pois Jó chegou a ter catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de bois e mil jumentas.

13 Também teve sete filhos e três filhas.

14 E chamou o nome da primeira Jemima, e o nome da segunda Quezia, e o nome da terceira Quéren-Hapuque.

15 E em toda a terra não se acharam mulheres tão formosas como as filhas de Jó; e seu pai lhes deu herança entre seus irmãos.

16 Depois disto viveu Jó cento e quarenta anos, e viu seus filhos, e os filhos de seus filhos: até a quarta geração.

17 Então morreu Jó, velho e cheio de dias.


SALMOS 1



A felicidade dos justos e o castigo dos ímpios 

1 Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores;

2 antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e noite.

3 Pois será como a árvore plantada junto às correntes de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cuja folha não cai; e tudo quanto fizer prosperará.

4 Não são assim os ímpios, mas são semelhantes à moinha que o vento espalha.

5 Pelo que os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos;

6 porque o Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios conduz à ruína.


SALMOS 2



A rebelião das gentes e a vitória do Messias  

1 Por que se amotinam as nações, e os povos tramam em vão?

2 Os reis da terra se levantam, e os príncipes juntos conspiram contra o Senhor e contra o seu ungido, dizendo:

3 Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas.

4 Aquele que está sentado nos céus se rirá; o Senhor zombará deles.

5 Então lhes falará na sua ira, e no seu furor os confundirá, dizendo:

6 Eu tenho estabelecido o meu Rei sobre Sião, meu santo monte.

7 Falarei do decreto do Senhor; ele me disse: Tu és meu Filho, hoje te gerei.

8 Pede-me, e eu te darei as nações por herança, e as extremidades da terra por possessão.

9 Tu os quebrarás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro.

10 Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra.

11 Servi ao Senhor com temor, e regozijai-vos com tremor.

12 Beijai o Filho, para que não se ire, e pereçais no caminho; porque em breve se inflamará a sua ira. Bem-aventurados todos aqueles que nele confiam.


SALMOS 3



Davi confia em Deus na sua adversidade
Salmo de Davi, quando fugiu de Absalão, seu filho  

1 Senhor, como se têm multiplicado os meus adversários! Muitos se levantam contra mim.

2 Muitos são os que dizem de mim: Não há socorro para ele em Deus.

3 Mas tu, Senhor, és um escudo ao redor de mim, a minha glória, e aquele que exulta a minha cabeça.

4 Com a minha voz clamo ao Senhor, e ele do seu santo monte me responde.

5 Eu me deito e durmo; acordo, pois o Senhor me sustenta.

6 Não tenho medo dos dez milhares de pessoas que se puseram contra mim ao meu redor.

7 Levanta-te, Senhor! salva-me, Deus meu! pois tu feres no queixo todos os meus inimigos; quebras os dentes aos ímpios.

8 A salvação vem do Senhor; sobre o teu povo seja a tua bênção.


SALMOS 4



Davi ora a Deus na sua angústia
Salmo de Davi para o cantor-mor; sobre Neginote  

1 Responde-me quando eu clamar, ó Deus da minha justiça! Na angústia me deste largueza; tem misericórdia de mim e ouve a minha oração.

2 Filhos dos homens, até quando convertereis a minha glória em infâmia? Até quando amareis a vaidade e buscareis a mentira?

3 Sabei que o Senhor separou para si aquele que é piedoso; o Senhor me ouve quando eu clamo a ele.

4 Irai-vos e não pequeis; consultai com o vosso coração em vosso leito, e calai-vos.

5 Oferecei sacrifícios de justiça, e confiai no Senhor.

6 Muitos dizem: Quem nos mostrará o bem? Levanta, Senhor, sobre nós a luz do teu rosto.

7 Puseste no meu coração mais alegria do que a deles no tempo em que se lhes multiplicam o trigo e o vinho.

8 Em paz me deitarei e dormirei, porque só tu, Senhor, me fazes habitar em segurança.


SALMOS 5



Deus aborrece os ímpios e abençoa os justos
Salmo de Davi para o cantor-mor; sobre Neginote  

1 Dá ouvidos às minhas palavras, ó Senhor; atende aos meus gemidos.

2 Atende à voz do meu clamor, Rei meu e Deus meu, pois é a ti que oro.

3 Pela manhã ouves a minha voz, ó Senhor; pela manhã te apresento a minha oração, e vigio.

4 Porque tu não és um Deus que tenha prazer na iniqüidade, nem contigo habitará o mal.

5 Os arrogantes não subsistirão diante dos teus olhos; detestas a todos os que praticam a maldade.

6 Destróis aqueles que proferem a mentira; ao sanguinário e ao fraudulento o Senhor abomina.

7 Mas eu, pela grandeza da tua benignidade, entrarei em tua casa; e em teu temor me inclinarei para o teu santo templo.

8 Guia-me, Senhor, na tua justiça, por causa dos meus inimigos; aplana diante de mim o teu caminho.

9 Porque não há fidelidade na boca deles; as suas entranhas são verdadeiras maldades, a sua garganta é um sepulcro aberto; lisonjeiam com a sua língua.

10 Declara-os culpados, ó Deus; que caiam por seus próprios conselhos; lança-os fora por causa da multidão de suas transgressões, pois se revoltaram contra ti.

11 Mas alegrem-se todos os que confiam em ti; exultem eternamente, porquanto tu os defendes; sim, gloriem-se em ti os que amam o teu nome.

12 Pois tu, Senhor, abençoas o justo; tu o circundas do teu favor como de um escudo.


SALMOS 6



Davi recorre à misericórdia de Deus e alcança o perdão
Salmo de Davi para o cantor-mor  

1 Senhor, não me repreendas na tua ira, nem me castigues no teu furor.

2 Tem compaixão de mim, Senhor, porque sou fraco; sara-me, Senhor, porque os meus ossos estão perturbados.

3 Também a minha alma está muito perturbada; mas tu, Senhor, até quando?...

4 Volta-te, Senhor, livra a minha alma; salva-me por tua misericórdia.

5 Pois na morte não há lembrança de ti; no Seol quem te louvará?

6 Estou cansado do meu gemido; toda noite faço nadar em lágrimas a minha cama, inundo com elas o meu leito.

7 Os meus olhos estão consumidos pela mágoa, e enfraquecem por causa de todos os meus inimigos.

8 Apartai-vos de mim todos os que praticais a iniquidade; porque o Senhor já ouviu a voz do meu pranto.

9 O Senhor já ouviu a minha súplica, o Senhor aceita a minha oração.

10 Serão envergonhados e grandemente perturbados todos os meus inimigos; tornarão atrás e subitamente serão envergonhados.


SALMOS 7



Davi confia em Deus e protesta a sua inocência  

1 Senhor, Deus meu, confio, salva-me de todo o que me persegue, e livra-me;

2 para que ele não me arrebate, qual leão, despedaçando-me, sem que haja quem acuda.

3 Senhor, Deus meu, se eu fiz isto, se há perversidade nas minhas mãos,

4 se paguei com o mal àquele que tinha paz comigo, ou se despojei o meu inimigo sem causa.

5 persiga-me o inimigo e alcance-me; calque aos pés a minha vida no chão, e deite no pó a minha glória.

6 Ergue-te, Senhor, na tua ira; levanta-te contra o furor dos meus inimigos; desperta-te, meu Deus, pois tens ordenado o juízo.

7 Reúna-se ao redor de ti a assembléia dos povos, e por cima dela remonta-te ao alto.

8 O Senhor julga os povos; julga-me, Senhor, de acordo com a minha justiça e conforme a integridade que há em mim.

9 Cesse a maldade dos ímpios, mas estabeleça-se o justo; pois tu, ó justo Deus, provas o coração e os rins.

10 O meu escudo está em Deus, que salva os retos de coração.

11 Deus é um juiz justo, um Deus que sente indignação todos os dias.

12 Se o homem não se arrepender, Deus afiará a sua espada; armado e teso está o seu arco;

13 já preparou armas mortíferas, fazendo suas setas inflamadas.

14 Eis que o mau está com dores de perversidade; concedeu a malvadez, e dará à luz a falsidade.

15 Abre uma cova, aprofundando-a, e cai na cova que fez.

16 A sua malvadez recairá sobre a sua cabeça, e a sua violência descerá sobre o seu crânio.

17 Eu louvarei ao Senhor segundo a sua justiça, e cantarei louvores ao nome do Senhor, o Altíssimo.


SALMOS 8



Deus é glorificado nas suas obras e na sua bondade para com o homem
Salmo de Davi para o cantor-mor; sobre Gitite  

1 Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra, tu que puseste a tua glória dos céus!

2 Da boca das crianças e dos que mamam tu suscitaste força, por causa dos teus adversários para fazeres calar o inimigo e vingador.

3 Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que estabeleceste,

4 que é o homem, para que te lembres dele? e o filho do homem, para que o visites?

5 Contudo, pouco abaixo de Deus o fizeste; de glória e de honra o coroaste.

6 Deste-lhe domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés:

7 todas as ovelhas e bois, assim como os animais do campo,

8 as aves do céu, e os peixes do mar, tudo o que passa pelas veredas dos mares.

9 Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda a terra!


SALMOS 9



Ação de graças por um grande livramento
Salmo de Davi para o cantor-mor; sobre Mute-Labem  

1 Eu te louvarei, Senhor, de todo o meu coração; contarei todas as tuas maravilhas.

2 Em ti me alegrarei e exultarei; cantarei louvores ao teu nome, ó Altíssimo;

3 porquanto os meus inimigos retrocedem, caem e perecem diante de ti.

4 Sustentaste o meu direito e a minha causa; tu te assentaste no tribunal, julgando justamente.

5 Repreendeste as nações, destruíste os ímpios; apagaste o seu nome para sempre e eternamente.

6 Os inimigos consumidos estão; perpétuas são as suas ruínas.

7 Mas o Senhor está entronizado para sempre; preparou o seu trono para exercer o juízo.

8 Ele mesmo julga o mundo com justiça; julga os povos com eqüidade.

9 O Senhor é também um alto refúgio para o oprimido, um alto refúgio em tempos de angústia.

10 Em ti confiam os que conhecem o teu nome; porque tu, Senhor, não abandonas aqueles que te buscam.

11 Cantai louvores ao Senhor, que habita em Sião; anunciai entre os povos os seus feitos.

12 Pois ele, o vingador do sangue, se lembra deles; não se esquece do clamor dos aflitos.

13 Tem misericórdia de mim, Senhor; olha a aflição que sofro daqueles que me odeiam, tu que me levantas das portas da morte.

14 para que eu conte todos os teus louvores nas portas da filha de Sião e me alegre na tua salvação.

15 Afundaram-se as nações na cova que abriram; na rede que ocultaram ficou preso o seu pé.

16 O Senhor deu-se a conhecer, executou o juízo; enlaçado ficou o ímpio nos seus próprios feitos.

17 Os ímpios irão para o Seol, sim, todas as nações que se esquecem de Deus.

18 Pois o necessitado não será esquecido para sempre, nem a esperança dos pobres será frustrada perpetuamente.

19 Levanta-te, Senhor! Não prevaleça o homem; sejam julgadas as nações na tua presença!

20 Senhor, incute-lhes temor! Que as nações saibam que não passam de meros homens!


SALMOS 10



A audácia dos perseguidores, e o refúgio em Deus  

1 Por que te conservas ao longe, Senhor? Por que te escondes em tempos de angústia?

2 Os ímpios, na sua arrogância, perseguem furiosamente o pobre; sejam eles apanhados nas ciladas que maquinaram.

3 Pois o ímpio gloria-se do desejo do seu coração, e o que é dado à rapina despreza e maldiz o Senhor.

4 Por causa do seu orgulho, o ímpio não o busca; todos os seus pensamentos são: Não há Deus.

5 Os seus caminhos são sempre prósperos; os teus juízos estão acima dele, fora da sua vista; quanto a todos os seus adversários, ele os trata com desprezo.

6 Diz em seu coração: Não serei abalado; nunca me verei na adversidade.

7 A sua boca está cheia de imprecações, de enganos e de opressão; debaixo da sua língua há malícia e iniqüidade.

8 Põe-se de emboscada nas aldeias; nos lugares ocultos mata o inocente; os seus olhos estão de espreita ao desamparado.

9 Qual leão no seu covil, está ele de emboscada num lugar oculto; está de emboscada para apanhar o pobre; apanha-o, colhendo-o na sua rede.

10 Abaixa-se, curva-se; assim os desamparados lhe caem nas fortes garras.

11 Diz ele em seu coração: Deus se esqueceu; cobriu o seu rosto; nunca verá isto.

12 Levanta-te, Senhor; ó Deus, levanta a tua mão; não te esqueças dos necessitados.

13 Por que blasfema de Deus o ímpio, dizendo no seu coração: Tu não inquirirás?

14 Tu o viste, porque atentas para o trabalho e enfado, para o tomares na tua mão; a ti o desamparado se entrega; tu és o amparo do órfão.

15 Quebra tu o braço do ímpio e malvado; esquadrinha a sua maldade, até que a descubras de todo.

16 O Senhor é Rei sempre e eternamente; da sua terra perecerão as nações.

17 Tu, Senhor, ouvirás os desejos dos mansos; confortarás o seu coração; inclinarás o teu ouvido,

18 para fazeres justiça ao órfão e ao oprimido, a fim de que o homem, que é da terra, não mais inspire terror.


SALMOS 11



Deus salva os retos e castiga os ímpios
Salmo de Davi para o cantor-mor 

1 No Senhor confio. Como, pois, me dizeis: Foge para o monte, como um pássaro?

2 Pois eis que os ímpios armam o arco, põem a sua flecha na corda, para atirarem, às ocultas, aos retos de coração.

3 Quando os fundamentos são destruídos, que pode fazer o justo?

4 O Senhor está no seu santo templo, o trono do Senhor está nos céus; os seus olhos contemplam, as suas pálpebras provam os filhos dos homens.

5 O Senhor prova o justo e o ímpio; a sua alma odeia ao que ama a violência.

6 Sobre os ímpios fará chover brasas de fogo e enxofre; um vento abrasador será a porção do seu copo.

7 Porque o Senhor é justo; ele ama a justiça; os retos, pois, verão o seu rosto.


SALMOS 12



A falcidade do homem e a veracidade de Deus
Salmo de Davi para o cantor-mor; sobre Seminite 

1 Salva-nos, Senhor, pois não existe mais o piedoso; os fiéis desapareceram dentre os filhos dos homens.

2 Cada um fala com falsidade ao seu próximo; falam com lábios lisonjeiros e coração dobre.

3 Corte o Senhor todos os lábios lisonjeiros e a língua que fala soberbamente,

4 os que dizem: Com a nossa língua prevaleceremos; os nossos lábios a nós nos pertecem; quem sobre nós é senhor?

5 Por causa da opressão dos pobres, e do gemido dos necessitados, levantar-me-ei agora, diz o Senhor; porei em segurança quem por ela suspira.

6 As palavras do Senhor são palavras puras, como prata refinada numa fornalha de barro, purificada sete vezes.

7 Guarda-nos, ó Senhor; desta geração defende-nos para sempre.

8 Os ímpios andam por toda parte, quando a vileza se exalta entre os filhos dos homens.


SALMOS 13



Davi, na sua extrema tristeza, recorre a Deus e confia nele
Salmo de Davi para o cantor-mor 

1 Até quando, ó Senhor, te esquecerás de mim? para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto?

2 Até quando encherei de cuidados a minha alma, tendo tristeza no meu coração cada dia? Até quando o meu inimigo se exaltará sobre mim?

3 Considera e responde-me, ó Senhor, Deus meu; alumia os meus olhos para que eu não durma o sono da morte;

4 para que o meu inimigo não diga: Prevaleci contra ele; e os meus adversários não se alegrem, em sendo eu abalado.

5 Mas eu confio na tua benignidade; o meu coração se regozija na tua salvação.

6 Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem.


SALMOS 14



A corrupção do homem; sua redenção provém de Deus
Salmo de Davi para o cantor-mor 

1 Diz o néscio no seu coração: Não há Deus. Os homens têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras; não há quem faça o bem.

2 O Senhor olhou do céu para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento, que buscasse a Deus.

3 Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um.

4 Acaso não tem conhecimento nem sequer um dos que praticam a iniqüidade, que comem o meu povo como se comessem pão, e que não invocam o Senhor?

5 Achar-se-ão ali em grande pavor, porque Deus está na geração dos justos.

6 Vós quereis frustar o conselho dos pobres, mas o Senhor é o seu refúgio.

7 Oxalá que de Sião viesse a salvação de Israel! Quando o Senhor fizer voltar os cativos do seu povo, então se regozijará Jacó e se alegrará Israel.


SALMOS 15



O verdadeiro cidadão dos céus
Salmo de Davi
Salmo de Davi 

1 Quem, Senhor, habitará na tua tenda? quem morará no teu santo monte?

2 Aquele que anda irrepreensivelmente e pratica a justiça, e do coração fala a verdade;

3 que não difama com a sua língua, nem faz o mal ao seu próximo, nem contra ele aceita nenhuma afronta;

4 aquele a cujos olhos o réprobo é desprezado, mas que honra os que temem ao Senhor; aquele que, embora jure com dano seu, não muda;

5 que não empresta o seu dinheiro a juros, nem recebe peitas contra o inocente. Aquele que assim procede nunca será abalado.


SALMOS 16



A confiança e felicidade do crente e a certeza da vida eterna
Salmo de Davi 

1 Guarda-me, ó Deus, porque em ti me refugio.

2 Digo ao Senhor: Tu és o meu Senhor; além de ti não tenho outro bem.

3 Quanto aos santos que estão na terra, eles são os ilustres nos quais está todo o meu prazer.

4 Aqueles que escolhem a outros deuses terão as suas dores multiplicadas; eu não oferecerei as suas libações de sangue, nem tomarei os seus nomes nos meus lábios.

5 Tu, Senhor, és a porção da minha herança e do meu cálice; tu és o sustentáculo do meu quinhão.

6 As sortes me caíram em lugares deliciosos; sim, coube-me uma formosa herança.

7 Bendigo ao Senhor que me aconselha; até os meus rins me ensinam de noite.

8 Tenho posto o Senhor continuamente diante de mim; porquanto ele está à minha mão direita, não serei abalado.

9 Porquanto está alegre o meu coração e se regozija a minha alma; também a minha carne habitará em segurança.

10 Pois não deixarás a minha alma no Seol, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.

11 Tu me farás conhecer a vereda da vida; na tua presença há plenitude de alegria; à tua mão direita há delícias perpetuamente.


SALMOS 17



Davi pede a Deus que o proteja contra os seus inimigos
Oração de Davi  

1 Ouve, Senhor, a justa causa; atende ao meu clamor; dá ouvidos à minha oração, que não procede de lábios enganosos.

2 Venha de ti a minha sentença; atendam os teus olhos à eqüidade.

3 Provas-me o coração, visitas-me de noite; examinas-me e não achas iniqüidade; a minha boca não transgride.

4 Quanto às obras dos homens, pela palavra dos teus lábios eu me tenho guardado dos caminhos do homem violento.

5 Os meus passos apegaram-se às tuas veredas, não resvalaram os meus pés.

6 A ti, ó Deus, eu clamo, pois tu me ouvirás; inclina para mim os teus ouvidos, e ouve as minhas palavras.

7 Faze maravilhosas as tuas beneficências, ó Salvador dos que à tua destra se refugiam daqueles que se levantam contra eles.

8 Guarda-me como à menina do olho; esconde-me, à sombra das tuas asas,

9 dos ímpios que me despojam, dos meus inimigos mortais que me cercam.

10 Eles fecham o seu coração; com a boca falam soberbamente.

11 Andam agora rodeando os meus passos; fixam em mim os seus olhos para me derrubarem por terra.

12 Parecem-se com o leão que deseja arrebatar a sua presa, e com o leãozinho que espreita em esconderijos.

13 Levanta-te, Senhor, detém-nos, derruba-os; livra-me dos ímpios, pela tua espada,

14 dos homens, pela tua mão, Senhor, dos homens do mundo, cujo quinhão está nesta vida. Enche-lhes o ventre da tua ira entesourada. Fartem-se dela os seus filhos, e dêem ainda os sobejos por herança aos seus pequeninos.

15 Quanto a mim, em retidão contemplarei a tua face; eu me satisfarei com a tua semelhança quando acordar.


SALMOS 18



Cantico de louvor a Deus pelas suas muitas bençãos
Davi disse as palavras deste cântico no dia que o Senhor o livrou das mãos de Saul  

1 Eu te amo, ó Senhor, força minha.

2 O Senhor é a minha rocha, a minha fortaleza e o meu libertador; o meu Deus, o meu rochedo, em quem me refúgio; o meu escudo, a força da minha salvação, e o meu alto refúgio.

3 Invoco o Senhor, que é digno de louvor, e sou salvo dos meus inimigos.

4 Cordas de morte me cercaram, e torrentes de perdição me amedrontaram.

5 Cordas de Seol me cingiram, laços de morte me surpreenderam.

6 Na minha angústia invoquei o Senhor, sim, clamei ao meu Deus; do seu templo ouviu ele a minha voz; o clamor que eu lhe fiz chegou aos seus ouvidos.

7 Então a terra se abalou e tremeu, e os fundamentos dos montes também se moveram e se abalaram, porquanto ele se indignou.

8 Das suas narinas subiu fumaça, e da sua boca saiu fogo devorador; dele saíram brasas ardentes.

9 Ele abaixou os céus e desceu; trevas espessas havia debaixo de seus pés.

10 Montou num querubim, e voou; sim, voou sobre as asas do vento.

11 Fez das trevas o seu retiro secreto; o pavilhão que o cercava era a escuridão das águas e as espessas nuvens do céu.

12 Do resplendor da sua presença saíram, pelas suas espessas nuvens, saraiva e brasas de fogo.

13 O Senhor trovejou a sua voz; e havia saraiva e brasas de fogo.

14 Despediu as suas setas, e os espalhou; multiplicou raios, e os perturbou.

15 Então foram vistos os leitos das águas, e foram descobertos os fundamentos do mundo, à tua repreensão, Senhor, ao sopro do vento das tuas narinas.

16 Do alto estendeu o braço e me tomou; tirou-me das muitas águas.

17 Livrou-me do meu inimigo forte e daqueles que me odiavam; pois eram mais poderosos do que eu.

18 Surpreenderam-me eles no dia da minha calamidade, mas o Senhor foi o meu amparo.

19 Trouxe-me para um lugar espaçoso; livrou-me, porque tinha prazer em mim.

20 Recompensou-me o Senhor conforme a minha justiça, retribuiu-me conforme a pureza das minhas mãos.

21 Pois tenho guardado os caminhos do Senhor, e não me apartei impiamente do meu Deus.

22 Porque todas as suas ordenanças estão diante de mim, e nunca afastei de mim os seus estatutos.

23 Também fui irrepreensível diante dele, e me guardei da iniqüidade.

24 Pelo que o Senhor me recompensou conforme a minha justiça, conforme a pureza de minhas mãos perante os seus olhos.

25 Para com o benigno te mostras benigno, e para com o homem perfeito te mostras perfeito.

26 Para com o puro te mostras puro, e para com o perverso te mostras contrário.

27 Porque tu livras o povo aflito, mas os olhos altivos tu os abates.

28 Sim, tu acendes a minha candeia; o Senhor meu Deus alumia as minhas trevas.

29 Com o teu auxílio dou numa tropa; com o meu Deus salto uma muralha.

30 Quanto a Deus, o seu caminho é perfeito; a promessa do Senhor é provada; ele é um escudo para todos os que nele confiam.

31 Pois, quem é Deus senão o Senhor? e quem é rochedo senão o nosso Deus?

32 Ele é o Deus que me cinge de força e torna perfeito o meu caminho;

33 faz os meus pés como os das corças, e me coloca em segurança nos meus lugares altos.

34 Adestra as minhas mãos para a peleja, de sorte que os meus braços vergam um arco de bronze.

35 Também me deste o escudo da tua salvação; a tua mão direita me sustém, e a tua clemência me engrandece.

36 Alargas o caminho diante de mim, e os meus pés não resvalam.

37 Persigo os meus inimigos, e os alcanço; não volto senão depois de os ter consumido.

38 Atravesso-os, de modo que nunca mais se podem levantar; caem debaixo dos meus pés.

39 Pois me cinges de força para a peleja; prostras debaixo de mim aqueles que contra mim se levantam.

40 Fazes também que os meus inimigos me dêem as costas; aos que me odeiam eu os destruo.

41 Clamam, porém não há libertador; clamam ao Senhor, mas ele não lhes responde.

42 Então os esmiúço como o pó diante do vento; lanço-os fora como a lama das ruas.

43 Livras-me das contendas do povo, e me fazes cabeça das nações; um povo que eu não conhecia se me sujeita.

44 Ao ouvirem de mim, logo me obedecem; com lisonja os estrangeiros se me submetem.

45 Os estrangeiros desfalecem e, tremendo, saem dos seus esconderijos.

46 Vive o Senhor; bendita seja a minha rocha, e exaltado seja o Deus da minha salvação,

47 o Deus que me dá vingança, e sujeita os povos debaixo de mim,

48 que me livra de meus inimigos; sim, tu me exaltas sobre os que se levantam contra mim; tu me livras do homem violento.

49 Pelo que, ó Senhor, te louvarei entre as nações, e entoarei louvores ao teu nome.

50 Ele dá grande livramento ao seu rei, e usa de benignidade para com o seu ungido, para com Davi e sua posteridade, para sempre.


SALMOS 19



A excelência da criação e suas leis, assim como a palavra de Deus
Salmo de Davi para o cantor-mor  

1 Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos.

2 Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite.

3 Não há fala, nem palavras; não se lhes ouve a voz.

4 Por toda a terra estende-se a sua linha, e as suas palavras até os consfins do mundo. Neles pôs uma tenda para o sol,

5 que é qual noivo que sai do seu tálamo, e se alegra, como um herói, a correr a sua carreira.

6 A sua saída é desde uma extremidade dos céus, e o seu curso até a outra extremidade deles; e nada se esconde ao seu calor.

7 A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos simples.

8 Os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e alumia os olhos.

9 O temor do Senhor é limpo, e permanece para sempre; os juízos do Senhor são verdadeiros e inteiramente justos.

10 Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito ouro fino; e mais doces do que o mel e o que goteja dos favos.

11 Também por eles o teu servo é advertido; e em os guardar há grande recompensa.

12 Quem pode discernir os próprios erros? Purifica-me tu dos que me são ocultos.

13 Também de pecados de presunção guarda o teu servo, para que não se assenhoreiem de mim; então serei perfeito, e ficarei limpo de grande transgressão.

14 Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!


SALMOS 20



Oração pelo rei na guerra
Salmo de Davi para o cantor-mor  

1 O Senhor te ouça no dia da angústia; o nome do Deus de Jacó te proteja.

2 Envie-te socorro do seu santuário, e te sustenha de Sião.

3 Lembre-se de todas as tuas ofertas, e aceite os teus holocaustos.

4 Conceda-te conforme o desejo do teu coração, e cumpra todo o teu desígnio.

5 Nós nos alegraremos pela tua salvação, e em nome do nosso Deus arvoraremos pendões; satisfaça o Senhor todas as tuas petições.

6 Agora sei que o Senhor salva o seu ungido; ele lhe responderá lá do seu santo céu, com a força salvadora da sua destra.

7 Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do Senhor nosso Deus.

8 Uns encurvam-se e caem, mas nós nos erguemos e ficamos de pé.

9 Salva-nos, Senhor; ouça-nos o Rei quando clamarmos.


SALMOS 21



Davi louva a Deus pela vitória
Salmo de Davi para o cantor-mor  

1 Na tua força, ó Senhor, o rei se alegra; e na tua salvação quão grandemente se regozija!

2 Concedeste-lhe o desejo do seu coração, e não lhe negaste a petição dos seus lábios.

3 Pois o proveste de bênçãos excelentes; puseste-lhe na cabeça uma coroa de ouro fino.

4 Vida te pediu, e lha deste, longura de dias para sempre e eternamente.

5 Grande é a sua glória pelo teu socorro; de honra e de majestade o revestes.

6 Sim, tu o fazes para sempre abençoado; tu o enches de gozo na tua presença.

7 Pois o rei confia no Senhor; e pela bondade do Altíssimo permanecerá inabalável.

8 A tua mão alcançará todos os teus inimigos, a tua destra alcançará todos os que te odeiam.

9 Tu os farás qual fornalha ardente quando vieres; o Senhor os consumirá na sua indignação, e o fogo os devorará.

10 A sua prole destruirás da terra, e a sua descendência dentre os filhos dos homens.

11 Pois intentaram o mal contra ti; maquinaram um ardil, mas não prevalecerão.

12 Porque tu os porás em fuga; contra os seus rostos assestarás o teu arco.

13 Exalta-te, Senhor, na tua força; então cantaremos e louvaremos o teu poder.


SALMOS 22



O Messias sofre, mas triunfa
Salmo de Davi para o cantor-mor; sobre Ajelé-Has-Saar  

1 Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? por que estás afastado de me auxiliar, e das palavras do meu bramido?

2 Deus meu, eu clamo de dia, porém tu não me ouves; também de noite, mas não acho sossego.

3 Contudo tu és santo, entronizado sobre os louvores de Israel.

4 Em ti confiaram nossos pais; confiaram, e tu os livraste.

5 A ti clamaram, e foram salvos; em ti confiaram, e não foram confundidos.

6 Mas eu sou verme, e não homem; opróbrio dos homens e desprezado do povo.

7 Todos os que me vêem zombam de mim, arreganham os beiços e meneiam a cabeça, dizendo:

8 Confiou no Senhor; que ele o livre; que ele o salve, pois que nele tem prazer.

9 Mas tu és o que me tiraste da madre; o que me preservaste, estando eu ainda aos seios de minha mãe.

10 Nos teus braços fui lançado desde a madre; tu és o meu Deus desde o ventre de minha mãe.

11 Não te alongues de mim, pois a angústia está perto, e não há quem acuda.

12 Muitos touros me cercam; fortes touros de Basã me rodeiam.

13 Abrem contra mim sua boca, como um leão que despedaça e que ruge.

14 Como água me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu coração é como cera, derreteu-se no meio das minhas entranhas.

15 A minha força secou-se como um caco e a língua se me pega ao paladar; tu me puseste no pó da morte.

16 Pois cães me rodeiam; um ajuntamento de malfeitores me cerca; transpassaram-me as mãos e os pés.

17 Posso contar todos os meus ossos. Eles me olham e ficam a mirar-me.

18 Repartem entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica lançam sortes.

19 Mas tu, Senhor, não te alongues de mim; força minha, apressa-te em socorrer-me.

20 Livra-me da espada, e a minha vida do poder do cão.

21 Salva-me da boca do leão, sim, livra-me dos chifres do boi selvagem.

22 Então anunciarei o teu nome aos meus irmãos; louvar-te-ei no meio da congregação.

23 Vós, que temeis ao Senhor, louvai-o; todos vós, filhos de Jacó, glorificai-o; temei-o todos vós, descendência de Israel.

24 Porque não desprezou nem abominou a aflição do aflito, nem dele escondeu o seu rosto; antes, quando ele clamou, o ouviu.

25 De ti vem o meu louvor na grande congregação; pagarei os meus votos perante os que o temem.

26 Os mansos comerão e se fartarão; louvarão ao Senhor os que o buscam. Que o vosso coração viva eternamente!

27 Todos os limites da terra se lembrarão e se converterão ao Senhor, e diante dele adorarão todas as famílias das nações.

28 Porque o domínio é do Senhor, e ele reina sobre as nações.

29 Todos os grandes da terra comerão e adorarão, e todos os que descem ao pó se prostrarão perante ele, os que não podem reter a sua vida.

30 A posteridade o servirá; falar-se-á do Senhor à geração vindoura.

31 Chegarão e anunciarão a justiça dele; a um povo que há de nascer contarão o que ele fez.


SALMOS 23



A felicidade de termos o Senhor como nosso pastor
Salmo de Davi  

1 O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.

2 Deitar-me faz em pastos verdejantes; guia-me mansamente a águas tranqüilas.

3 Refrigera a minha alma; guia-me nas veredas da justiça por amor do seu nome.

4 Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.

5 Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos; unges com óleo a minha cabeça, o meu cálice transborda.

6 Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor por longos dias.


SALMOS 24



O domínio universal de Deus; Deus é o Rei da Glória
Salmo de Davi  

1 Do Senhor é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam.

2 Porque ele a fundou sobre os mares, e a firmou sobre os rios.

3 Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo?

4 Aquele que é limpo de mãos e puro de coração; que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente.

5 Este receberá do Senhor uma bênção, e a justiça do Deus da sua salvação.

6 Tal é a geração daqueles que o buscam, daqueles que buscam a tua face, ó Deus de Jacó.

7 Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória.

8 Quem é o Rei da Glória? O Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso na batalha.

9 Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradas eternas, e entrará o Rei da Glória.

10 Quem é esse Rei da Glória? O Senhor dos exércitos; ele é o Rei da Glória.


SALMOS 25



Davi roga a Deus que o livre dos seus inimigos e lhe perdoe os seus pecados
Salmo de Davi  

1 A ti, Senhor, elevo a minha alma.

2 Deus meu, em ti confio; não seja eu envergonhado; não triunfem sobre mim os meus inimigos.

3 Não seja envergonhado nenhum dos que em ti esperam; envergonhados sejam os que sem causa procedem traiçoeiramente.

4 Faze-me saber os teus caminhos, Senhor; ensina-me as tuas veredas.

5 Guia-me na tua verdade, e ensina-me; pois tu és o Deus da minha salvação; por ti espero o dia todo.

6 Lembra-te, Senhor, da tua compaixão e da tua benignidade, porque elas são eternas.

7 Não te lembres dos pecado da minha mocidade, nem das minhas transgressões; mas, segundo a tua misericórdia, lembra-te de mim, pela tua bondade, ó Senhor.

8 Bom e reto é o Senhor; pelo que ensina o caminho aos pecadores.

9 Guia os mansos no que é reto, e lhes ensina o seu caminho.

10 Todas as veredas do Senhor são misericórdia e verdade para aqueles que guardam o seu pacto e os seus testemunhos.

11 Por amor do teu nome, Senhor, perdoa a minha iniqüidade, pois é grande.

12 Qual é o homem que teme ao Senhor? Este lhe ensinará o caminho que deve escolher.

13 Ele permanecerá em prosperidade, e a sua descendência herdará a terra.

14 O conselho do Senhor é para aqueles que o temem, e ele lhes faz saber o seu pacto.

15 Os meus olhos estão postos continuamente no Senhor, pois ele tirará do laço os meus pés.

16 Olha para mim, e tem misericórdia de mim, porque estou desamparado e aflito.

17 Alivia as tribulações do meu coração; tira-me das minhas angústias.

18 Olha para a minha aflição e para a minha dor, e perdoa todos os meus pecados.

19 Olha para os meus inimigos, porque são muitos e me odeiam com ódio cruel.

20 Guarda a minha alma, e livra-me; não seja eu envergonhado, porque em ti me refúgio.

21 A integridade e a retidão me protejam, porque em ti espero.

22 Redime, ó Deus, a Israel de todas as suas angústias.


SALMOS 26



Davi recorre a Deus, confiando na sua própia integridade
Salmo de Davi  

1 Julga-me, ó Senhor, pois tenho andado na minha integridade; no Senhor tenho confiado sem vacilar.

2 Examina-me, Senhor, e prova-me; esquadrinha o meu coração e a minha mente.

3 Pois a tua benignidade está diante dos meus olhos, e tenho andado na tua verdade.

4 Não me tenho assentado com homens falsos, nem associo com dissimuladores.

5 Odeio o ajuntamento de malfeitores; não me sentarei com os ímpios.

6 Lavo as minhas mãos na inocência; e assim, ó Senhor, me acerco do teu altar,

7 para fazer ouvir a voz de louvor, e contar todas as tuas maravilhas.

8 Ó Senhor, eu amo o recinto da tua casa e o lugar onde permanece a tua glória.

9 Não colhas a minha alma com a dos pecadores, nem a minha vida a dos homens sanguinolentos,

10 em cujas mãos há malefício, e cuja destra está cheia de subornos.

11 Quanto a mim, porém, ando na minha integridade; resgata-me e tem compaixão de mim.

12 O meu pé está firme em terreno plano; nas congregações bendirei ao Senhor.


SALMOS 27



Confiança em Deus e anelo pela sua presença
Salmo de Davi  

1 O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei?

2 Quando os malvados investiram contra mim, para comerem as minhas carnes, eles, meus adversários e meus inimigos, tropeçaram e caíram.

3 Ainda que um exército se acampe contra mim, o meu coração não temerá; ainda que a guerra se levante contra mim, conservarei a minha confiança.

4 Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor, e inquirir no seu templo.

5 Pois no dia da adversidade me esconderá no seu pavilhão; no recôndito do seu tabernáculo me esconderá; sobre uma rocha me elevará.

6 E agora será exaltada a minha cabeça acima dos meus inimigos que estão ao redor de mim; e no seu tabernáculo oferecerei sacrifícios de júbilo; cantarei, sim, cantarei louvores ao Senhor.

7 Ouve, ó Senhor, a minha voz quando clamo; compadece-te de mim e responde-me.

8 Quando disseste: Buscai o meu rosto; o meu coração te disse a ti: O teu rosto, Senhor, buscarei.

9 Não escondas de mim o teu rosto, não rejeites com ira o teu servo, tu que tens sido a minha ajuda. Não me enjeites nem me desampares, ó Deus da minha salvação.

10 Se meu pai e minha mãe me abandonarem, então o Senhor me acolherá.

11 Ensina-me, ó Senhor, o teu caminho, e guia-me por uma vereda plana, por causa dos que me espreitam.

12 Não me entregues à vontade dos meus adversários; pois contra mim se levantaram falsas testemunhas e os que respiram violência.

13 Creio que hei de ver a bondade do Senhor na terra dos viventes.

14 Espera tu pelo Senhor; anima-te, e fortalece o teu coração; espera, pois, pelo Senhor.


SALMOS 28



Davi roga a Deus que o aparte dos ímpios e louva-o por ter ouvido as suas súplicas
Salmo de Davi  

1 A ti clamo, ó Senhor; rocha minha, não emudeças para comigo; não suceda que, calando-te a meu respeito, eu me torne semelhante aos que descem à cova.

2 Ouve a voz das minhas súplicas, quando a ti clamo, quando levanto as minhas mãos para o teu santo templo.

3 Não me arrastes juntamente com os ímpios e com os que praticam a iniqüidade, que falam de paz ao seu próximo, mas têm o mal no seu coração.

4 Retribui-lhes segundo as suas obras e segundo a malícia dos seus feitos; dá-lhes conforme o que fizeram as suas mãos; retribui-lhes o que eles merecem.

5 Porquanto eles não atentam para as obras do Senhor, nem para o que as suas mãos têm feito, ele os derrubará e não os reedificará

6 Bendito seja o Senhor, porque ouviu a voz das minhas súplicas.

7 O Senhor é a minha força e o meu escudo; nele confiou o meu coração, e fui socorrido; pelo que o meu coração salta de prazer, e com o meu cântico o louvarei.

8 O Senhor é a força do seu povo; ele é a fortaleza salvadora para o seu ungido.

9 Salva o teu povo, e abençoa a tua herança; apascenta-os e exalta-os para sempre.


SALMOS 29


Davi exorta a majestade de Deus
Salmo de Davi  

1 Tributai ao Senhor, ó filhos dos poderosos, tributai ao Senhor glória e força.

2 Tributai ao Senhor a glória devida ao seu nome; adorai o Senhor vestidos de trajes santos.

3 A voz do Senhor ouve-se sobre as águas; o Deus da glória troveja; o Senhor está sobre as muitas águas.

4 A voz do Senhor é poderosa; a voz do Senhor é cheia de majestade.

5 A voz do Senhor quebra os cedros; sim, o Senhor quebra os cedros do Líbano.

6 Ele faz o Líbano saltar como um bezerro; e Siriom, como um filhote de boi selvagem.

7 A voz do Senhor lança labaredas de fogo.

8 A voz do Senhor faz tremer o deserto; o Senhor faz tremer o deserto de Cades.

9 A voz do Senhor faz as corças dar à luz, e desnuda as florestas; e no seu templo todos dizem: Glória!

10 O Senhor está entronizado sobre o dilúvio; o Senhor se assenta como rei, perpetuamente.

11 O Senhor dará força ao seu povo; o Senhor abençoará o seu povo com paz.


SALMOS 30



A ira de Deus dura um momento só, mas a sua benignidade é eterna
Salmo e canção na dedicação da Casa
Salmo de Davi  

1 Exaltar-te-ei, ó Senhor, porque tu me levantaste, e não permitiste que meus inimigos se alegrassem sobre mim.

2 Ó Senhor, Deus meu, a ti clamei, e tu me curaste.

3 Senhor, fizeste subir a minha alma do Seol, conservaste-me a vida, dentre os que descem à cova.

4 Cantai louvores ao Senhor, vós que sois seus santos, e louvai o seu santo nome.

5 Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida. O choro pode durar uma noite; pela manhã, porém, vem o cântico de júbilo.

6 Quanto a mim, dizia eu na minha prosperidade: Jamais serei abalado.

7 Tu, Senhor, pelo teu favor fizeste que a minha montanha permanecesse forte; ocultaste o teu rosto, e fiquei conturbado.

8 A ti, Senhor, clamei, e ao Senhor supliquei:

9 Que proveito haverá no meu sangue, se eu descer à cova? Porventura te louvará o pó? Anunciará ele a tua verdade?

10 Ouve, Senhor, e tem compaixão de mim! O Senhor, sê o meu ajudador!

11 Tornaste o meu pranto em regozijo, tiraste o meu cilício, e me cingiste de alegria;

12 para que a minha alma te cante louvores, e não se cale. Senhor, Deus meu, eu te louvarei para sempre.


SALMOS 31



Davi roga a Deus que o livre, louva a sua benignidade, e exorta a confiar nele
Salmo de Davi para o cantor-mor  

1 Em ti, Senhor, me refugio; nunca seja eu envergonhado; livra-me pela tua justiça!

2 Inclina para mim os teus ouvidos, livra-me depressa! Sê para mim uma rocha de refúgio, uma casa de defesa que me salve!

3 Porque tu és a minha rocha e a minha fortaleza; pelo que, por amor do teu nome, guia-me e encaminha-me.

4 Tira-me do laço que me armaram, pois tu és o meu refúgio.

5 Nas tuas mãos entrego o meu espírito; tu me remiste, ó Senhor, Deus da verdade.

6 Odeias aqueles que atentam para ídolos vãos; eu, porém, confio no Senhor.

7 Eu me alegrarei e regozijarei na tua benignidade, pois tens visto a minha aflição. Tens conhecido as minhas angústias,

8 e não me entregaste nas mãos do inimigo; puseste os meus pés num lugar espaçoso.

9 Tem compaixão de mim, ó Senhor, porque estou angustiado; consumidos estão de tristeza os meus olhos, a minha alma e o meu corpo.

10 Pois a minha vida está gasta de tristeza, e os meus anos de suspiros; a minha força desfalece por causa da minha iniqüidade, e os meus ossos se consomem.

11 Por causa de todos os meus adversários tornei-me em opróbrio, sim, sobremodo o sou para os meus vizinhos, e horror para os meus conhecidos; os que me vêem na rua fogem de mim.

12 Sou esquecido como um morto de quem não há memória; sou como um vaso quebrado.

13 Pois tenho ouvido a difamação de muitos, terror por todos os lados; enquanto juntamente conspiravam contra mim, maquinaram tirar-me a vida.

14 Mas eu confio em ti, ó Senhor; e digo: Tu és o meu Deus.

15 Os meus dias estão nas tuas mãos; livra-me das mãos dos meus inimigos e dos que me perseguem.

16 Faze resplandecer o teu rosto sobre o teu servo; salva-me por tua bondade.

17 Não seja eu envergonhado, ó Senhor, porque te invoco; envergonhados sejam os ímpios, emudeçam no Seol.

18 Emudeçam os lábios mentirosos, que falam insolentemente contra o justo, com arrogância e com desprezo.

19 Oh! quão grande é a tua bondade, que guardaste para os que te temem, a qual na presença dos filhos dos homens preparaste para aqueles que em ti se refugiam!

20 No abrigo da tua presença tu os escondes das intrigas dos homens; em um pavilhão os ocultas da contenda das línguas.

21 Bendito seja o Senhor, pois fez maravilhosa a sua bondade para comigo numa cidade sitiada.

22 Eu dizia no meu espanto: Estou cortado de diante dos teus olhos; não obstante, tu ouviste as minhas súplicas quando eu a ti clamei.

23 Amai ao Senhor, vós todos os que sois seus santos; o Senhor guarda os fiéis, e retribui abundantemente ao que usa de soberba.

24 Esforçai-vos, e fortaleça-se o vosso coração, vós todos os que esperais no Senhor.


SALMOS 32



A felicidade do homem perdoado; exortação ao arrependimento
Masquil de Davi  

1 Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto.

2 Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não atribui a iniqüidade, e em cujo espírito não há dolo.

3 Enquanto guardei silêncio, consumiram-se os meus ossos pelo meu bramido durante o dia todo.

4 Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio.

5 Confessei-te o meu pecado, e a minha iniqüidade não encobri. Disse eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a culpa do meu pecado.

6 Pelo que todo aquele é piedoso ore a ti, a tempo de te poder achar; no trasbordar de muitas águas, estas e ele não chegarão.

7 Tu és o meu esconderijo; preservas-me da angústia; de alegres cânticos de livramento me cercas.

8 Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; aconselhar-te-ei, tendo-te sob a minha vista.

9 Não sejais como o cavalo, nem como a mula, que não têm entendimento, cuja boca precisa de cabresto e freio; de outra forma não se sujeitarão.

10 O ímpio tem muitas dores, mas aquele que confia no Senhor, a misericórdia o cerca.

11 Alegrai-vos no Senhor, e regozijai-vos, vós justos; e cantai de júbilo, todos vós que sois retos de coração.


SALMOS 33



o júbilo do crente na contemplação das obras de Deus  

1 Regozijai-vos no Senhor, vós justos, pois aos retos fica bem o louvor.

2 Louvai ao Senhor com harpa, cantai-lhe louvores com saltério de dez cordas.

3 Cantai-lhe um cântico novo; tocai bem e com júbilo.

4 Porque a palavra do Senhor é reta; e todas as suas obras são feitas com fidelidade.

5 Ele ama a retidão e a justiça; a terra está cheia da benignidade do Senhor.

6 Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo sopro da sua boca.

7 Ele ajunta as águas do mar como num montão; põe em tesouros os abismos.

8 Tema ao Senhor a terra toda; temam-no todos os moradores do mundo.

9 Pois ele falou, e tudo se fez; ele mandou, e logo tudo apareceu.

10 O Senhor desfaz o conselho das nações, anula os intentos dos povos.

11 O conselho do Senhor permanece para sempre, e os intentos do seu coração por todas as gerações.

12 Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor, o povo que ele escolheu para sua herança.

13 O Senhor olha lá do céu; vê todos os filhos dos homens;

14 da sua morada observa todos os moradores da terra,

15 aquele que forma o coração de todos eles, que contempla todas as suas obras.

16 Um rei não se salva pela multidão do seu exército; nem o homem valente se livra pela muita força.

17 O cavalo é vã esperança para a vitória; não pode livrar ninguém pela sua grande força.

18 Eis que os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua benignidade,

19 para os livrar da morte, e para os conservar vivos na fome.

20 A nossa alma espera no Senhor; ele é o nosso auxílio e o nosso escudo.

21 Pois nele se alegra o nosso coração, porquanto temos confiado no seu santo nome.

22 Seja a tua benignidade, Senhor, sobre nós, assim como em ti esperamos.